Ciência e Tecnologia • 20:21h • 20 de junho de 2025
Você depende do GPS mais do que imagina: o que aconteceria se ele falhasse hoje?
Ataques cibernéticos, falhas técnicas e testes militares já mostraram que um apagão global de GPS é possível; impactos catastróficos em setores vão da aviação à economia digital
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Foto: Arquivo/Âncora1

Imagine acordar e descobrir que seu aplicativo de rotas parou de funcionar, aviões ficaram impossibilitados de pousar, navios perderam a rota em alto-mar, operações bancárias foram interrompidas e até as redes de internet começaram a apresentar instabilidade. Esse cenário, que parece roteiro de filme de ficção científica, é uma possibilidade real caso o Sistema de Posicionamento Global (GPS) mundial sofra um colapso repentino.
O GPS é gerenciado pelos Estados Unidos e atualmente fornece dados de localização e sincronização para bilhões de dispositivos e sistemas ao redor do planeta. Desde a navegação por aplicativos como Google Maps até operações financeiras, agricultura de precisão, redes de telefonia, controle de tráfego aéreo e movimentação de mercadorias no comércio internacional: tudo depende, direta ou indiretamente, do GPS.
Especialistas alertam: falha no GPS mundial pode causar o maior colapso tecnológico da história
Por que o GPS é tão vulnerável?
Embora seja robusto, o GPS não é infalível. Ele depende de uma constelação de 31 satélites em órbita, controlados por bases militares norte-americanas. Esses satélites enviam sinais constantes para a Terra, e basta uma falha generalizada - seja por ataque cibernético, sabotagem, erro de software, falha técnica ou até mesmo uma tempestade solar extrema - para que o sistema fique fora do ar.
Nos últimos anos, testes militares em diferentes países mostraram que bloqueios localizados de GPS são possíveis e até comuns durante exercícios de guerra eletrônica. Em 2018, por exemplo, testes realizados na Noruega e na Finlândia por forças da OTAN causaram interferências que afetaram voos comerciais na região. Especialistas alertam que um ataque de maior escala poderia derrubar o sinal em áreas continentais inteiras.
Arte: Âncora1
O que pararia primeiro?
O primeiro impacto seria sentido na aviação. Sem GPS, aeronaves enfrentariam dificuldades de navegação e aterrissagem, o que resultaria em suspensão imediata de voos. O setor marítimo também entraria em estado de alerta: cargueiros perderiam a referência de localização em alto-mar, gerando riscos de colisões e atrasos logísticos globais.
Logo em seguida, os reflexos atingiriam as redes de telecomunicação. Operadoras de internet e telefonia usam o GPS para sincronizar torres de sinal. Sem essa sincronização, o risco de apagões de rede e queda de serviços online seria iminente.
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O setor bancário também seria afetado. As transações financeiras dependem de registros de tempo com precisão de microssegundos, obtidos via GPS, para validar operações entre servidores em diferentes países. Sem isso, pagamentos eletrônicos e transferências internacionais poderiam ser suspensos.
Da agricultura ao transporte público: os efeitos em cadeia
A agricultura de precisão, que usa GPS para o plantio e a colheita automatizada, também entraria em colapso. Nas cidades, o transporte público, serviços de entrega e até aplicativos de mobilidade como Uber e 99 parariam de funcionar corretamente.
Além disso, o caos não se limitaria à infraestrutura digital. A indústria, a energia elétrica e até serviços de emergência, como ambulâncias e bombeiros, enfrentariam dificuldades logísticas.
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Vazamentos de dados e insegurança digital: um alerta ainda mais preocupante
Coincidentemente, o último dia também foi marcado por indícios de um dos maiores vazamentos de senhas da história, com milhões de credenciais expostas na internet. A combinação de falhas no GPS com vulnerabilidades digitais acende o alerta para a dependência global de sistemas interconectados e potencialmente frágeis.
Segundo especialistas em segurança cibernética, a possibilidade de ataques coordenados, que explorem tanto falhas físicas quanto digitais, nunca esteve tão alta.
Estamos preparados para um apagão de GPS?
A resposta, segundo os especialistas, é não. Governos e empresas já discutem alternativas, como sistemas complementares de navegação via satélite - como o Galileo (União Europeia), o GLONASS (Rússia) e o BeiDou (China) —, mas nenhum deles tem cobertura e integração comparáveis ao GPS.
A maior defesa, por enquanto, é a diversificação de sistemas e o investimento em tecnologias de backup. No entanto, enquanto isso não se torna realidade, a dependência global do GPS segue sendo um ponto frágil, que pode transformar um problema técnico em um verdadeiro desastre invisível.
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